quarta-feira, 20 de julho de 2011







Não quero ser como você...



Me pego todos os dias com esse pensamento, tentando lutar contra o meu passado, complexado pela minha imagem diante o espelho, querendo ver saída, de não ter nada de semelhante com o meu abusador. Muitas pessoas me perguntam, porque sempre bato nessa tecla, que devo tentar esquecer o que aconteceu comigo, mas isso infelizmente faz parte da minha vida, faz parte do meu passado, e tenho a consciência que não devo relutar contra isso, e sim acordar para uma nova dimensão chamada ajuda!
A coisa mais frustrante é ser comparado fisicamente com aquele monstro, eu sei que o que tenho por dentro é mais importante, mas qualquer comparação me leva ao inferno astral, é inquietante como fico ao me olhar no espelho, e ver que tem sinal daquele poço de lixo em mim. Já rapei a cabeça, penso em colocar brincos, ou fazer uma enorme tatuagem no corpo, partir para apelação, tentando colocar algo de diferente, me deformar, fazer de tudo! Menos parecer aquele homem!
Em uma pesquisa que fizeram, mostrou que grandes partes dos estrupadores sofreram o mesmo ato na infância. Isso mexeu bastante comigo, não quero ser assim, mesmo tendo a certeza que isso não ira acontecer, aquela maldita pesquisa ainda me pertuba, afinal, são profissionais renomados afirmando. Mas sei que faço parte da minoria, ou não?
Eu sei que milhares de pessoas em todo mundo, não deseja ser como os pais por um critério de viver sua própria vida, poder realizar os seus sonhos, mas meu único critério é viver sem ser comparado.
Eu curto bastante português, queria muito fazer faculdade de letras, queria escrever um livro, relatando o que sinto o que penso sobre esse grandioso universo... Mas o meu pai é escritor, é formado em letras, e tem milhares de livros e textos espalhados por ai. Queria muito sentir orgulho dele, queria muito seguir com a carreira dele, mas enquanto escrevia suas altas biografias premiadas, marcadas por serem profundas e realistas todas supridas por uma simples criança inocente, seu filho.
Aí tento me desviar, procurando coisas novas para fazer, algo que seja diferente, só para ter aquele gosto de estar vivendo minha própria vida, é errado, mas me faz bem...
Tento tratar as mulheres da forma mais cordial o possível, minha mãe foi muito agredida durante sua relação, pego como espelho. Mulher é a criatura que mais admiro, tem a capacidade de gerar uma vida por longos nove meses, agüentando enjôo, deformando o próprio corpo, e depois criando, educando, amamentando, levando patadas, e mesmo assim persistindo! Por isso o meu jeito feminino de pensar e agir. Enquanto milhares de pessoas são influenciadas para onda do crime pelos pais, tentei manter o meu foco em minha maravilhosa mãe.
Filho de bandido não é bandido! Se isso for comprovado em uma nova pesquisa, prefiro morrer! Basicamente não deveria pensar dessa forma, sou um bom homem, se curto escrever ou ler livros, mais uma qualidade para a minha vida. Mas é difícil ter o mesmo gosto, o mesmo rosto, de alguém que acaba com a sua vida.



4 comentários:

  1. Produzir um ser que não é reconhecido com nada, sem espelho para se espelhar, sem partes para dividir, sem alma para se jogar na fé, na esperança, sempre será um ser não igual mas sem idoneidade, sem caráter, sem vida.

    FELIZ DIA DE HOJE PARA TODOS NÓS!

    João Bosco

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  2. Situação desafiadora
    Romper com traumas e experiências negativas não é fácil, Continue extraindo desse sentimento talentos para escrever.
    Emocionante

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  3. Caríssimo!Ninguém é igual a ninguém,se assim fosse teríamos a mesma impressão digital,isso só para começar;É fácil sermos nós mesmos?não!;mas é necessário.Não temos que nos focar em nada,a não ser em nós mesmos,lembre-se:somos responsáveis por nosso destino,artífice de nossas obras.Perdoe,doe-se,ame,ame muito todo o mundo e siga!Meu amigo,não perca essa encarnação,sempre estamos onde seja necessário para nosso aprendizado visando a perfeição!Perdoe,mil vezes,perdoe!

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  4. Rick

    Não é nada fácil essas superações ao quais todos nós estamos sujeito,cada um ao seu modo. Cara,externar o que você sente é uma boa e tentar criar perspectiva diante de tudo isso.
    Não é fácil,mas temos que tentar.

    Um Abraço

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