A baixa umidade do ar e o consequente aumento de queimadas neste ano estão se refletindo na piora da qualidade do ar nos Estados de Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia e Amazonas. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a concentração de monóxido de carbono (CO) na atmosfera em agosto foi até 20 vezes maior que no início do ano nessas regiões. O norte de Mato Grosso e Rondônia, o noroeste de Tocantins e o sul do Pará e Amazonas possuem os maiores números de focos de incêndio no país, informa o pesquisar do órgão, Saulo de Freitas. (ver comparação no mapa abaixo). - O Norte e o Centro-Oeste do Brasil não são iguais a São Paulo, onde há uma poluição permanente, ao longo do ano. Nos meses chuvosos, os poluentes se dispersam. Quando há época de seca, de maio a setembro, o número de queimadas aumenta muito, e com isso vem a poluição. Apesar de contar com imagens de satélite para mapear o índice de monóxido de carbono na atmosfera do território nacional, o Inpe esbarra na falta de aparelhos e estrutura para medir os níveis de poluição in loco. - Nós não temos instrumentos para medir precisamente a poluição nesses locais, mas neste ano a poluição está ficando entre dez e 20 vezes maior do que nos meses chuvosos.
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As causas do aumento do número de queimadas, que já provocam uma nuvem de poluição sobre as capitais Cuiabá e Palmas, estão na combinação da falta de fiscalização com o inverno, que neste ano está mais rigoroso do que nos anteriores, de acordo com Raffi Agop, meteorologista especialista em queimadas do Inpe. - Há locais em que não chove há 90 dias. A baixa umidade do ar não deixa os poluentes se dispersarem. Alguns fazendeiros ainda praticam a queimada para “limpar” a terra. Com o vento, também característico do inverno, os focos de incêndio se espalham com muito mais facilidade. O tempo seco fez o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) divulgar um comunicado na terça-feira (17) alertando para a baixa umidade relativa do ar. MT, RO e TO vão ter a umidade variando em pontos isolados na casa dos 20% até a próxima sexta-feira (20). Até essa data, a umidade do ar no Pará pode alcançar os 30%, número considerado baixo e que traz riscos à saúde, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Saúde e poder público
O professor de física da USP (Universidade de São Paulo), Paulo Eduardo Artaxo Neto alerta que o aumento da quantidade de monóxido de carbono, resultante das queimadas, pode trazer complicações à saúde da população. - [A poluição] Pode trazer uma série de problemas como doenças respiratórias, agravamento de quadro alérgico e rinite. Aumenta a mortandade, particularmente de crianças e pessoas idosas. Para o professor, cabe ao governo tomar atitudes para combater as queimadas e a consequente poluição causada por elas. Artaxo Neto afirma que a única maneira de a população se defender da poluição é cobrar para que as medidas necessárias sejam adotadas. - Você tem que ter um plano coerente de controle de emissão de queimadas, com fiscalização. Uma série de medidas deve ser tomada, mas antes da queimada. Depois, não há mais o que fazer. Segundo ele, as queimadas são a principal fonte das emissões de gases que causam o efeito estufa e respondem por 60% do total de CO2 (dióxido de carbono) emitido hoje no Brasil. Por isso, elas são consideradas uma das maiores responsáveis pelas mudanças climáticas globais.
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