sábado, 11 de setembro de 2010

Eliza



Era uma vez um anjo, um anjo que vivia triste... Triste por falta de amor, triste por falta de carinho, triste por falta de amigos e triste por falta do único gesto que não podia faltar... O amor dos pais.
Olhava para mãe e via creme nas mãos, olhava para o pai e via pastas e papais na mesa. Só não olhava para si mesma, pois via apenas roupas e um rostinho triste, triste por não ter ninguém do seu lado.
Quando chovia sentia frio, quando trovejava seu coração palpitava, e se sentia insegura... Onde estava sua mãe? Onde estava o seu pai?
Estudava por conta própria, pedia ajuda e recebia apenas um... ”Se vira” ela tinha apenas 7 anos, uma ajuda as vezes fazia bem. O sarcasmo de ambos reprimidos lhe provocava o mesmo medo que sentia quando imaginava o mostro do armário.
Eliza queria apenas ser amada, queria ser lembrada. Seu pai lia contratos em computadores e sua mãe lia apenas rótulos de cosméticos, onde estava sua historinha na hora de dormir? Uma vez passou a ter inveja dos objetos contidos em casa, shopping, escritório etc... Uma vez sonhou em ser um blush, para poder tocar no belo rosto de sua mãe, e uma espuma de barbear para tocar no belo rosto do pai.
Insegurança permitia um carinho, carinho extra dedicado na escola... O que não tinha em casa, recebia de seus amigos.
Qual seria o amor maior, de um pai para o filho? Ou de um filho para o pai? Eliza era o amor maior, mesmo sofrendo por tanta rejeição amava seus pais com todo amor do mundo.
Um dia teve uma grande festa na casa de Eliza, seus pais chamaram vários amigos, dentre esses amigos, tinha um especial, era o amigo mais antigo da família que se “chama” Alexandre.
Alexandre desde o começo foi muito carinhoso com Eliza, quando a viu disse que ela era muito bonita, chegou a fazer a brincadeira da moeda com ela, e deu um monte de balinha de vários sabores para ela poder chupar.
Os dias foram passando e a freqüência de Alexandre aumentou na casa. Sempre levava brinquedos para Eliza, e sempre elogiava seus lindos olhos verdes.
Um dia Alexandre chamou Eliza para a sala, os dois estavam sozinhos, os pais tinham saído para fazer compras, como tinha bastante confiança em seu amigo, acabou deixando a pobre menina com ele. Eliza perguntou para o que ele a queria, ele disse em um tom suave, quero apenas um carinho... O carinho virou sua prisão durante um ano, tornou-se uma coisa forçada, em que sempre a levava a chorar.
Ninguém percebia, manchas roxas eram passadas como tombos de bicicleta, sua depressão aos 8 anos de idade foi tratada como besteiras de uma garota mimada. Cansada de sofrer ameaçou Alexandre dizendo que se ele não parasse,ela contaria tudo para os seus pais. Alexandre pediu perdão, falou que estava apenas tentando fazê-la feliz...
Era um lindo Sábado, se sentia livre... Sem nenhum peso, pegou sua boneca e foi brincar no Jardim da casa.

Um ano se passou... O desaparecimento de Eliza continua como mistério na vida de seus pais... Todos estão bem, e Alexandre visita a casa dos pais de Eliza todos os dias.

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